quinta-feira, 21 de junho de 2012

O mercado, essa coisa nojenta


"Temos dito muitas vezes que à maneira que Coimbra se vai desenvolvendo e modernisando, mais se vai criando a necessidade de novos melhoramentos a que é justo atender.
Colocamos acima de todos a substituição do Mercado, essa coisa nojenta que para aí está a envergonhar-nos e que precisa de desaparecer para honra da nossa terra.
A construção, pelo menos, do pavilhão para a venda de hortaliças, frutas e flores é inadiavel e urgente, não só pelo aspecto de pobrêsa que tem as barracas que ali se vêem, mas tambem porque aquilo, como está, é um foco de doenças.
Ali não ha higiene, nem a pode haver, visto que a maior parte das vendedeiras teem de sentar-se no chão, sem cobertura alguma que as livre da chuva. Outro melhoramento urgente se impõe: é a iluminação electrica.
A Câmara vai vendo diminuir a sua receita do gaz, que era a mais lucrativa, pela substituição deste pela luz electrica.
Em Coimbra são já iluminados por este sistema a Escola Brotero, Hospitais da Universidade, Teatros Sousa Bastos e Avenida, fábrica de massas da estrada da Beira (…)
Se a Câmara não trata de municipalizar a iluminação electrica, não tardará que a estação telégrafo postal e a Penitenciária substituam tambem o gaz pela luz electrica, e então a Câmara ficará sem nenhuma das grandes receitas que tinha do gaz.
A Câmara já devia ter atendido a isto há muito.
Temos a satisfação de poder afirmar que ha mais dum ano chamamos a atenção da Câmara para este caso, que é muito grave.

In "Gazeta de Coimbra", 11 de Julho de 1914.

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