Trinta anos jornalista do JN
Faleceu, no dia 30 de Dezembro de 1992, em consequência de paragem cardíaca. Emílio Loubet, que foi jornalista do JN durante 30 anos, encontrando-se na situação de reformado.Com o seu desaparecimento perde-se não só um companheiro de trabalho e de convívio, mas uma figura emblemática do Porto, ligada ao jornalismo e ao Teatro. O seu irradiante estilo, “bon vivant,” tornaram-no uma referência para gerações de profissionais e em vários meios.
Emílio Loubet nasceu, em 1908, na freguesia da Vitória. O pai era dono de uma mercearia fina, onde actualmente é o café “Estrela”. Do pai herdou as convicções republicanas e laicas. Chegou a ser preso e deportado. O pai deu ao filho o apelido de Loubet em homenagem ao presidente francês, que se deslocara a Lisboa, em 1905, a convite de D.Carlos, mas que acabou por ser alvo de uma estrondosa manifestação, vitoriando a República. O progenitor era tão arreigado contra a monarquia que, no seu estabelecimento, não vendia bolo-rei, mas bolo “R” (republicano).
O futuro jornalista manter-se-ia fiel à voz do sangue, nunca desarmando dos ideais que trinunfariam dois anos após da sua vinda ao mundo. E a sua passagem pelo Mundo mostrou-se riquíssima no domínio das relações redactoriais com milhares de acontecimentos. Além da sua longa contribuição no “Jornal de Notícias”, fez carreira em “A Montanha”, “O Comércio do Porto”, “O Norte Desportivo”, colaborando também em dezenas de jornais e revistas de expressão nacional e regional. Dirigiu a publicação de “O Cruzeiro”, chefiou a redacção da “Indústria Têxtil e foi delegado da “Reuter”. De destacar igualmente a sua qualidade de autor de folhetins radiofónicos, de produções e noticiários nos Emissores do Norte Reunidos, além da edição do guia de Hotéis e pensões de Portugal.
Como não poderia deixar de ser, redigiu saborosos trechos revisteiros, organizou rábulas para as “Festas da Ciadade”, revelando-se um dos impulsionadores do “Concurso do Vestido de Chita”, iniciativa que alcançou muita popularidade.
Noutra vertente pública será justo lembrar os seus cargos directivos na Associação dos Jornalistas e Homem de Letras do Porto, Sociedade Protectora dos animais e Associação dos Proprietários.
Emílio Loubet morreu e, como se revelou, com ele vai a enterrar uma biblioteca de sabedoria das noites tripeiras. Ele assumiu-se como um dos últimos baluartes da boémia, percorrendo camarotes, palcos e camarins, restaurantes e cafés-concerto com uma assiduidade ímpar. Soube aliar o espectáculo ao afecto e à cultura. E, no meio de tanta e tão repleta agitação, sobrou-lhe tempo para mil comparências e até para trazer ao “Passos Manuel” o Prémio Nobel Egas Moniz.
Jornal de Notícias
Quinta feira - 31- Dezembro-1992
Recolhido por: Ricardo Almeida
Postado por: Ricardo Almeida
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