sexta-feira, 17 de novembro de 2006

GPPSN revela posição portuguesa


Enterrar resíduos atómicos
em vez de os lançar ao mar

O lançamento de mais de duas mil toneladas de resíduos radioactivos no Atlântico foi ontem considerado «um mal menor», pelo Gabinete Português de Protecção e Segurança Nuclear. O director, Veiga Simão, disse que embora a posição portuguesa na OCDE seja contrária ao lançamento de resíduos radioactivos no Atlântico – posição que não tem vingado - «estamos perante um mal menor, no sentido de que os países da OCDE não lançam os detritos a seu bel-prazer, mas de acordo com um mecanismo de consulta e vigilância internacional»
Os desperdícios nucleares provenientes nomeadamente da Bélgica e Suíça, vão ser depositados pelo navio «Louise Smits» numa zona rectangular do Atlântico do Nordeste, definida pelas coordenadas 16 e 17,30 graus de longitude oeste, e 45,50 e 46,10 graus de latitude norte, onde a profundidade média é de quatro mil metros.
O cemitério radioactivo, que fica numa zona praticamente equidistante das costas ocidentais da Península Ibérica e do Arquipélago dos Açores, foi reavaliado pela agência nuclear da OCDE em Abril de 1980.
Desta vez, Portugal não participará no controlo ao lançamento dos tambores com resíduos, uma vez que a fiscalização é rotativa.
«Portugal é contra o lançamento de resíduos radioactivos no Oceano Atlântico» - disse Veiga Simão, que se afirmou favorável a enterramentos em terras graníticas «com limitações bem definidas».
«Embora sejamos contra – disse – mantemos desde há longos anos uma vigilância da cadeia alimentar nos Açores e Madeira, através de análises feitas periodicamente, quer de peixes, leite e outros produtos alimentares. Até hoje, nunca se verificou qualquer aumento de radioactividade na cadeia alimentar».
Ecologistas europeus manifestaram-se contra o embarque dos resíduos atómicos no porto holandês de Ijmuiden, na quarta-feira, em cujos confrontos ficou ferido um polícia. O barco tem escala marcada no porto belga de Zeebrugge, para meter idêntica carga, devendo seguir depois para a zona do Atlântico Nordeste, onde largará os resíduos.

In JN
5 de Setembro de 1981


Recolhido por: Ricardo Almeida
Postado por: Ricardo Almeida

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